Segundo entidades setoriais, a elevação do imposto trará desequilíbrio ao mercado de embalagens e artefatos de plástico, com efeitos sobre a inflação de produtos essenciais

Depois do encontro de representantes da indústria química brasileira com o governo, na terça-feira (21), a indústria do plástico e 15 setores consumidores de seus produtos solicitaram, na sexta-feira (24), uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para tratar do potencial aumento das alíquotas de importação de resinas termoplásticas.
Conforme as entidades setoriais, a elevação do imposto trará desequilíbrio ao mercado de embalagens e artefatos de plástico, com efeitos sobre a inflação de produtos essenciais, incluindo itens de cesta básica, e em programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Freio na China
Na reunião da semana passada com o setor químico, Lula e ministros trataram de iniciativas para fortalecer essa atividade, incluindo a elevação de tarifas para conter o avanço das importações da China. A lista apresentada pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) contempla mais de 60 produtos, cujas compras externas saltaram nos últimos meses.
Contra esse pleito e lideradas pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), entidades que representam as indústrias de perfumaria e cosméticos, higiene e limpeza, artefatos de borracha, não-tecidos, tintas, colchões, brinquedos, eletroeletrônicos, produtos farmacêuticos, alimentos e biscoitos, fibras poliolefínicas, tecidos e confecções, calçados e construção civil querem mostrar “a importância do equilíbrio tarifário à manutenção das atividades industriais no Brasil”, conforme documento visto pelo Valor.
Segundo a Abiplast, o aumento tarifário de resinas, de 12,6% para 20%, teria impacto negativo sobre a competitividade da indústria e dos consumidores finais, afetando inclusive a política “Nova Indústria Brasil”, que visa a fortalecer a atividade industrial no país. Além disso, “históricos anteriores, como o aumento da alíquota de importação de resinas em 2012, mostram que tais medidas foram revertidas devido aos impactos inflacionários”, informou a entidade.
A indústria do plástico alega ainda que a tarifa média de importação de resinas nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é menor do que a já aplicada no Brasil, que também mantém em vigor medidas de antidumping para alguns desses produtos petroquímicos.
No encontro de terça-feira, a indústria química indicou a Lula que o “momento crítico”, desencadeado pelo surto de importações em determinados segmentos, sobretudo chinesas, provocou um recuo de R$ 8 bilhões em recolhimento de tributos federais no ano passado.
Conforme a Abiquim, há um surto de importações de produtos químicos, com crescimento de 30,9% para 65 itens. “Precisamos de medidas assertivas para combater o aumento da participação das importações no consumo de químicos”, disse, em nota, o presidente-executivo da entidade, André Passos Cordeiro.
Por Stella Fontes, Valor — São Paulo
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